"E se for tudo um abismo escuro e lábios que lhe beijam quando você está doente ou se sentindo só um pouquinho fora de alcance?"
Jukebox the Ghost

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Eu não Sou

Sou chato o tempo todo. Sou criança na metade do tempo. Sou velho na outra metade. Levo tudo pra uma discussão sociológica. Ou pra uma risada escandalosa, de uma piadinha inútil que eu mesmo fiz. Depende do meu humor, seu rosto, seu sorriso, seu olho, seu cabelo, meu cabelo, meu humor. Agora sou isso o tempo todo, e vou ser todo diferente em meio tempo, meio diferente todo o tempo, todo tempo que for meio igual, todo meio tempo que for inteiro. Sou indie, romântico, índio, roqueiro, caipira, tropicalista, psitrânce. E quando acaba a bateria não sou mais ninguém. Sou meu próprio ouvido que se vai a cada dia. Sou comunista. Sou a revolta contra o que vem de fora, e conformismo pro que vem de mim mesmo. Eu não gosto de pessoas, eu gosto das coisas em cada uma delas. Sou sincero, algumas vezes, e nas outras sou agradável. Mas só julgo quem julga os outros. Eu sou perfeito porque não sou. Sou um pouco de todos os professores que já tive, principalmente os mais pedantes. Sou um pouco de todos os colegas que já tive, principalmente os que menos entendiam. Sou uma garrafa de vinho, e principalmente a dor de cabeça do outro dia. Pra quem quiser eu sou duas. Estou em cada livro que eu leio em cada rua que eu já pisei, há pequenos pedaços de mim espalhados por aí, mudando cada coisa pra bem pior do que já era. Não sou nada que se possa perceber, mas eu posso ser definido por ser simplesmente o complexo conjunto das coisas que já me foram ditas, impostas, pedidas e questionadas. Sou só poeira, água e palavras que não fazem sentido algum.
Guilherme Schnekenberg

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