"E se for tudo um abismo escuro e lábios que lhe beijam quando você está doente ou se sentindo só um pouquinho fora de alcance?"
Jukebox the Ghost

sábado, 21 de maio de 2011

Será o fim do mundo?

Me disseram que hoje era o fim do mundo. Mas tal coisa não existe.
Nem mesmo o mundo existe, como poderia seu fim acontecer?
E não seria tão ruim assim, se um mundo como esse tivesse mesmo fim.
Só há pessoas correndo pra lá e pra cá.
Esquecem da vida. Esquecem do amor.
Esquecem os sorrisos.
Esquecem que o mundo acabará.
Esquecem uns dos outros como se seus próprios mundos não fossem acabar antes de dar tempo de lembrar.
Esquecem até de si próprios, do que são de verdade.
Pensam que são máquinas, roupas, perfis virtuais. E acabam sendo só isso mesmo.
De fato isso é o fim do mundo, porque o que quer que tenha o criado esperava muito mais.
Ou não, só esperava que fosse acabar.
E acabou, antes mesmo de começar.
Acaba aos poucos, diariamente, toda vez que um ser humano se esquece de sorrir.
Mas não acaba mesmo assim,
porque não acaba o que está dentro de mim.
Espero ajudar antes do fim,
antes que acabem mesmo, as sensações, a arte, o céu
porque se isso acabar, o sorriso acaba de uma vez.
Aí acabou a a inteligência, a vontade, o poeta.
O mundo em uma versão completa,
completamente acabado. Fim.
Guilherme Schnekenberg

sábado, 7 de maio de 2011

Aqui Enquanto Possível

Amanhã vou estar morrendo, mas quero ficar aqui
Vou dormir na aula e se ela descobrir vai me matar, mas eu vou ficar aqui
Amanhã meu quarto vai estar virando, mas eu não vou sair daqui
Está tão quentinho que a bagunça vai ter que esperar
Eu também precisava tomar um banho, mas não posso sair daqui
Tenho certeza que ela não está ligando pro cheiro do meu pé
Apesar de ficar farejando até saber de onde é
A cozinha está uma zona, por culpa de nós dois
Porque a gente come e deixa a louça pra depois
Ele vai chegar, pedir comida, e ela vai querer ir fazer
Mas eu não queria que ela saísse daqui
Ela tem que ir trabalhar amanhã, mas vou pedir pra ela não sair daqui
O telefone está tocando
Mas esse abraço está tão gostoso, tão apertado, tão aconchegante
Que eu não vou querer nunca que ela saia daqui
Ela precisa ir vender perfume amanhã
E se eu pudesse eu comprava todos só pra ela poder ficar aqui
E não é papo de vendedor, não to querendo ganhar nada
Não são só travesseiros e cobertas e o colchão
Eu deitei pra assistir tv, ela veio junto
Passou um braço por cima de mim, eu reclamei
Ela teve que por o outro por trás das costas,
na segunda posição mais desconfortável do mundo.
A primeira foi a um tempo atrás...
Meu pé encaixou com o dela, a tv desligou
e ficamos ali meditando, cochilando
Eu ainda tenho que dar corda no despertador
e imprimir um trabalho pra amanhã
Ela precisa passar roupa e fazer o almoço de amanhã
Mas a gente vai ficando um minutinho a mais enquanto der.
Amanhã eu e ela temos mil coisas pra fazer,
mas eu sei que se ela pudesse ela ia ficar aqui até o amanhecer.
Guilherme Schnekenberg

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Tributo ao Outono

  Há um momento, entre a alegria do verão e os castigos do inverno, em que os sorrisos e as surras se misturam para transformar a perfeição em perfeição ao quadrado.
  As manhãs são gratificantes, apesar do vento gélido que corta o maior órgão humano mesmo coberto pela proteção artificial. O sol demora para despertar. Preguiçoso, dá para a lua mais algum tempinho de reinado. E que esplêndido reinado! Quem nunca olhou para a lua nas manhãs desse momento não sabe o que é se apaixonar pelo inalcançável!
  Fim de reinado, o sol toma seu trono e brilha. Ah, como brilha! Seus raios alegram os pássaros que cantam como na primavera e com eles o barulho do balançar das árvores, que são animadas pelo doce canto dos ventos.
  Tardes mais azuis e o entardecer mais rosa que a pantera antecedem a noite fria, e muitas vezes estreladas, que faz os animais voltarem para a toca. Os que tem toca...
  Tudo isso...toda essa beleza disponível diariamente, de graça, para o deleite dos olhos humanos.
  Olhos humanos...não é o que basta para apreciar totalmente tudo isso. Tem que ser leve! Tem que se deixar apaixonar! Tem que ser simples e descomplicado! Tem que respirar! TEM QUE VIVER!
  É o outono!
  Ah, o outono que como a plebeia dos contos de fada tem beleza pura e pouco sentida.
  Ah, o outono que implora para ser percebido como um homem apaixonado implora um olhar de seu amor impossível!
  Então, ceda a essa beleza plebeia. Deixe de ser um amor impossível. Respire. VIVA!
Kamila Vintureli